Crónica de um Homem Cansado

sexta-feira, 24 de julho de 2009 à(s) 07:03
Balançam as pessoas de um lado para o outro sonolentas e insatisfeitas... Uns focados em dinheiro outros na falta do mesmo... Uns concentrados no amor outros na falta desse mesmo... As pessoas andam dormentes, insatisfeitas mas conformadas... Todo o esforço parece demasiado grande... Cada abismo é demasiado longo para se puder saltar...

Todo o ser humano é infeliz é uma infelicidade ter consciência de tal facto infeliz... Não por não ser feliz mas por se deixar cair em sonos profundos de rotinas de vida... O velho emprego... A velha casa... A velha família... A velha vida... Conformam-se com o velho que não passa de uma farsa... Afinal o emprego não é velho se for o que gostamos... A casa não é velha se a estivermos a mudar e se gostarmos de a habitar... A família não é velha se a tivermos formado com pessoas de quem gostamos... E a vida não é velha pois pudemos muda-la sempre que o quisermos... Mas o sono... Aquela preguiça eterna do cansaço invisível que nos atormenta a alma...

E é aqui que eu apareço... Um velho e cansado ser que caminha de bengala na mão pelas boas ruas de Oeiras... Estou hoje na boa da velha praia da Torre... Não entendo... As crianças que passam por mim passam a correr e a saltar seguidas pelos seus pais que arrastam os pés e parecem estar a caminhar para a tortura... Será que ter filhos se tornou um método de tortura hoje em dia? Bem seguindo a minha aventura pela boa praia da Torre decidi seguir o meu caminho para a areia onde a acção da minha narrativa se encontra...

Tive sorte... Encontrei um lugar calmo junto da agua e um novo companheiro se junta a mim... Um cão de raça que eu desconheço mas muito engraçado... Sentou-se de imediato a mim quando cheguei a este belo local e tem-me visto escrever desde então lambendo-me a mão ocasionalmente quando paro de escrever para pensar... Talvez este meu amigo sinta o mesmo que eu e não queira que caia no sono profundo também...

O que aconteceu com a mentalidade das pessoas? Será que mudei assim tanto de quando era novo? Vejo uma senhora provavelmente com os seus 40 anos, a reclamar com um grupo de jovens por estarem a jogar a bola na praia... Quando ela era nova... Será que não fazia o mesmo? Seguramente posso afirmar que sim... Quem de nós nunca foi a praia um dia no verão e jogou a bola? Se assim foi porquê negar essa experiência a geração mais nova?

Olho para o meu amigo e penso num nome para lhe dar... De certo é o único que penso que me compreende neste momento... Sinto-me sozinho numa ilha com uma fauna muito particular... E pior que tudo não sei como aqui cheguei... Terei eu naufragado aqui? Se assim for o nome desde meu companheiro é nada mais que Sexta-Feira por pura das ironias.

Decidi levar o Sexta-Feira a dar uma volta pelo paredão... Ohh e que maldição de erro fui eu cometer aqui... Dos sonos profundos passei para o mundo dos sonhos onde a imaginação das senhoras idosas supera o insuperável chegando mesmo a atingir o limite da imaginação... Entre histórias nitidamente polémicas de divórcios e vidas alheias à mais polémica gravidez do país estas senhoras o sabem e inventaram... Rapidamente tirei o Sexta-Feira deste maldito mundo de imaginação...

Decidi abrigar-me da chuva de pessoas que a minha mente incomodam num pequeno café junto dos Lombos... Café esse a que achei alguma piada tanto pela gerência que abriga como pelos seus clientes... Gerido por 3 senhoras que em comum tudo têm e contra isso todas lutam... A mãe... A filha mais velha... A filha mais nova... Todas elas podiam ser a mesma pessoa em épocas diferentes... A clientela do mais fútil que existe o meu pobre Sexta-Feira até ladrou para os clientes... Como tal, e porque este mundo se rege por leis para todos... Fui convidado a sair do café com o Sexta-Feira algo que fiz com muito boa vontade e graciosidade... De certo a ironia é notória no meu discurso... Sem lugares para ir decidi ir para casa e trazer o Sexta-Feira... Iria ser ele agora a minha companhia nesta ilha abandonada...

1 Responses to Crónica de um Homem Cansado

  1. Lumenamena Says:

    A batalha terrível que se trava dentro de um homem cansado, é conquistado passo a passo. Há recuos e quedas, mas a luta continua. Se aqui o homem defronta toda a espécie de falidos, noutras circunstâncias superiores, o homem encontra-se vencedor. Ele porém um dia, encontrará na glória, redimido e purificado. Quando o homem compreender um dia o poder da mente, compreenderá então que atingiu as estrelas, ou mergulhará nos mais profundos infernos, é então unicamente obra sua.
    O pensamento estabelece as correntes vibratórias que organizam o próprio espírito. Vibrar é intensificar em si mesmo o amor, ou o amor da matéria mais densa.

    Um Abraço,
    Lumenamena

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