Incertezas da pseudo vida

quinta-feira, 21 de maio de 2009 à(s) 14:39
Nesta noite vagueio...
Não numa rua, mas nos recantos da minha mente...
Qual é o sentido verdadeiro da vida?

Num momento penso em dizer que o sentido da vida é alcançar a felicidade através da realização dos sonhos... Mas vejo imediatamente dois problemas com tal afirmação... O que é felicidade senão a pedra de Sisifo da humanidade? Sempre perto mas no entanto sempre longe? (Duvido que a insatisfação do ser humano alguma vez desapareça e aqueles que se consideram felizes e satisfeitos... Ou são miseráveis que deixaram de lutar pela felicidade ou então estão a mentir) Outro problema que imediatamente vejo é com a frase "...através da realização dos sonhos" senão controlamos os sonhos... As aspirações... O objectivo da vida é seguir um guião sobre o qual não temos controlo?

Logo de imediato questionei-me sobre se Satre não teria razão... Talvez o objectivo da vida... O sentido da vida... Seja nenhum... (Não há um sentido ou propósito último inerente à vida humana; a vida é absurda") Parece-me algo estranho de se dizer... Existo sem motivo... Sei que existo... Logo penso que a única certeza que podemos realmente conhecer é que podemos questionar as próprias bases de todo o conhecimento humano... Não numa tentativa de provar que ele existe mas para provar que ele não tem sentido e que como tal não pode existir.

Questiono então a realidade do fabrico social... Como indivíduos podemos apenas conhecer a nossa própria existência não podendo distinguir outros de ilusões. Relembro agora a famosa frase "Deus está em toda a parte"... Sendo Deus uma ilusão cuja existência está ainda por me ser provada realmente seguindo este pensamento qualquer outro ou mesmo todos os outros sem ser eu pode ser Deus. Falamos de identidades pessoais... De culturas... De sociedades... E pergunto-me... Se apenas tenho garantias da minha existência como podemos confirmar a existência de identidades pessoais se apenas tenho garantida a minha identidade? Culturas? Sou ateu e como tal não deixarei supostos deuses regularem o meu pensamento.

Logo questiono... Se a realidade é incerta... Se o conhecimento sobre o individuo colectivo é uma ilusão... Se tudo é relativo e subjectivo... Como poderá haver um sentido para a vida se a vida é um conjunto de ilusões e como tal uma ilusão em si?

Com esta pergunta coloca-se a necessidade de se criar e definir o conceito de vida... Será vida a nossa existência? Visto que apenas podemos provar a nossa existência pensando... Talvez nos devemos perguntar se após morrermos conseguiremos pensar? E se sim então como é que podemos afirmar com certeza que a vida em si não é uma ilusão?

Bem, penso que a única resposta que nos resta será levar a vida para o reino transcendente e dizer que a vida define-se pela nossa capacidade de pensamento, não se limitando pelos factores de vida e morte corporal... Mas ai questiono... Se a base do pensamento é ilusão nada nos consegue garantir que o nosso pensamento não será também ilusão... Por outras palavras... Ao termos capacidade de pensar provamos a nossa existência... Mas de nada nos serve pois tudo o que pensamos é ilusão.

Desta forma concluo que talvez Satre esteja errado... E que talvez o sentido da vida seja apenas provar que existimos, sendo como tal a morte a total falta de capacidade de pensamento.

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